terça-feira, 21 de setembro de 2010

Caminhos paralelos

Hoje vi-te, saíste de casa da mesma maneira, sempre com a mesma atitude indolente, ombros descaídos, a olhar para o chão, a vagueares no teu mundo que há muito se separou do meu. Sempre com roupa diferente da do dia anterior, condenada a percorrer o mesmo caminho, a mesma estrada, os mesmos sinais, as mesmas passadeiras, a encontrar as mesmas pessoas que, como tu, estão destinadas ao quotidiano monótono cheio de passos insípidos que custam a percorrer. Hoje vi-te, igual a todos os dias. Vi-te mas não te conheci. Passei ao teu lado e tu ao meu, sem me veres, com os teus olhos pisando as pedras da calçada. Com saudade do que ficou para trás, levo comigo o medo de nos encontrarmos novamente sem nos conhecermos, sem nos vermos, sem o calor dos abraços que outrora aquecia a luz fria da nossa casa, agora tão desprotegida.

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