sexta-feira, 22 de outubro de 2010

O melhor passa a correr

     Cheguei à Cidade Universitária. São 18:30h mas a noite já começa a tentar impor-se. Coloco os fones. Programo o relógio, é o sinal de partida. Começo a correr. Apenas ouço o som da música, dos meus passos e da minha respiração (agora normal mas não tarda a ficar ofegante). Corro…dei a primeira volta, 3 km, mas sei que ainda me esperam mais duas. Sei, por isso, que ainda tenho cerca de meia-hora, 30 minutos para não pensar em nada, cair no vazio, desligar-me do mundo, das pessoas com quem tenho que estabelecer algum tipo de relação. Estou só, sou eu sem ninguém, sem compromissos, sem responsabilidades, sem obrigações. Corro, mas as minhas pernas já começam a pesar…querem deixar-me para trás, quebrar este momento, lembrar-me da realidade. Continuo a correr, não lhes darei essa satisfação. Dou por mim e o percurso já está quase no fim. Cheguei. Parei. O meu coração parece que vai saltar do peito. Quero deixar o meu corpo, continuar a correr, fugir…mas ele não me deixa, sente-se cansado e impinge-me que pare. Não faz mal, para o próximo fim-de-semana cá estarei e só espero que consiga correr mais um bocadinho...

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Keep lying or you`ll end up alone

      Sometimes I feel like a stranger chasing myself. Watching every move I make, every step I take and, after each moment, feeling closer to the end. Emptiness happens to be the final disclose. I see myself pretending the feelings are there for the world, shared with the people around me, keeping the truth away because that’s how relations can survive. In fact, I see that none of us is who we appear to be in the outside but we must maintain appearances to carry on. We are all a bunch of liars. Because lying it`s the key to ordinarily, to stability, to be accepted by others. If you always tell the truth you will end up alone.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Saudade

Há certas coisas que nos reconfortam porque sabemos que ainda estão lá, que existem e que nos fazem antecipar a saudade daquilo que ficará para trás, da sua ausência. Tu és uma delas. Sempre que entro em casa e te vejo, na maioria das vezes, sentado à secretária, embrenhado nos teus livros ou no quer que seja que o ecrã do computador te impõe à frente, sossego. É como uma paz interior por te ver, por saber que ainda existes. Quando chego, olhas-me e sorris. Observo o teu rosto envelhecido, vincado pelas mágoas da vida que constantemente te ameaçam deixar sem suporte tal como uma falésia desgastada pelas vigorosas e temerosas ondas do mar. Marcado pelas drogas que te consumiram o corpo mas que, ao mesmo tempo, o ampararam. Condenado a uma sina sem sorte, que te prende ao passado e que te desfigura o futuro. Vida injusta, esta tua, que premeia todo o teu esforço com obstáculos e desilusões. Mas nada foi em vão. Ensinaste-me lições de grande valor. Incutiste-me valores que poucos são aqueles que se podem gabar de os ter. Moldaste-me, não só com as tuas qualidades mas também com as tuas fraquezas. És parte de mim. Por isso sei que, quando partires, sentirei saudade mas nunca te direi adeus.